Clássicos da Sociologia: Max Weber
Apresentação do pensamento de Max Weber, em termos de ação social, individuais com intenções em relação a outros. Entrevistas com os professores Gabriel Cohn e Flávio Pierucci.
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12 abr 2012 Deixe um comentário
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Clássicos da Sociologia: Karl Marx
O aspecto sociológico do pensamento de Karl Marx é apresentado com base em entrevista do sociólogo Gabriel Cohn e a caracterização in loco da economia de uma pequena cidade paulista.
09 abr 2012 Deixe um comentário
em Brasil, entrevista, movimentos sociais, notícias, sustentabilidade, video Tags:agro, agrotóxicos, agrotoxico, ambiental, ambiente, cineasta, está, meio, mesa, pela, questão, questões, silvio, sustentabilidade, tóxicos, tendler, veneno, vida, video
Documentário da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, realizado pelo cineasta brasileiro Silvio Tendler.
Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
09 abr 2012 Deixe um comentário
em Brasil, economia, sustentabilidade Tags:aceleração, ambiental, ambiente, água, bacia, básico, brasil, canto, capital, carta, cetesb, coleta, crescimento, cura, econômico, esgoto, Federal, FGV, governo, Guarani, guarulhos, IBGE, instituto, ITB, Jundiaí, males, mananciais, meio, nacional, ONU, PAC, paulo, plano, poluição, Poro, programa, questão, questões, reinaldo, Rio, rios, saneamento, são, Tiete, trata, tratamento, UFRJ, velho
Existem alguns chavões usados para falar de saneamento básico, alguns são até engraçados, não fossem realmente trágicos. “Obra enterrada não dá voto”, bradam políticos correligionários de Odorico Paraguaçu, prefeito da fictícia Sucupira. Na oposição ficam aqueles que esgrimam com números: “Um real aplicado em saneamento economiza 4 reais em gastos com a saúde”, uma argumentação que ganhou a simpatia dos militantes. Fato é que a falta de saneamento manda muita gente para os hospitais, ou pior. E a água contaminada já é, também, impeditivo para o desenvolvimento econômico, seja para empresas que precisam de água de qualidade para suas atividades, ou para os negócios ligados ao turismo, o que em véspera de Copa do Mundo deveria acender luzes de alerta em todos os ministérios, governos estaduais e prefeituras.
Um exemplo dos problemas está na falta de balneabilidade de praias e outros locais públicos. Em 2010, a Cetesb, empresa que monitora qualidade ambiental no Estado de São Paulo, liberou para banho, durante todo o ano, menos de 30% de 83 praias monitoradas no litoral norte, região de turismo nobre. O veto a banhistas se dá, na maior parte das vezes, pela contaminação da água e da areia por esgotos.
Dados do Censo do IBGE sobre saneamento, divulgado no final de 2011, mostram que, em 2008, apenas 55% das pouco mais de 5.500 cidades brasileiras tinham algum tipo de coleta de esgotos. O índice melhora no Sudeste, chegando a 95%, e cai para menos de 15% na região Norte. Coleta adequada não existe para 55% das casas dos brasileiros; quase 2.500 municípios não têm nenhum tipo de coleta. Este quadro desanimador tende a mudar no médio prazo, na opinião do secretário de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, Edson Giriboni. “Há mais recursos sendo destinados ao saneamento desde 2007, quando foi aprovada a Lei Federal 11.445, que estabelece a universalização do saneamento básico como um compromisso da sociedade brasileira”, explica.
Na primeira fase do PAC 1 – o Programa de Aceleração do Crescimento, o saneamento recebeu cerca de R$ 40 bilhões entre os anos de 2007 e 2010, e no PAC 2 estão previstos mais R$ 41,1 bilhões para investimento em ações de saneamento no quadriênio 2011-2014. Esta dinheirama deveria beneficiar 1.116 cidades em todo o país, mas não é isto que está acontecendo. Dados do Ministério das Cidades mostram que foram efetivamente realizados apenas 16% das obras do PAC 1, aplicando menos de 10% dos recursos. Ou seja, de R$ 40 bilhões previstos, menos de R$ 4 bilhões foram gastos.
Planejamento e gestão deficientes travam a execução das obras: projetos de engenharia inadequados, insuficiência de quadros técnicos no setor público e falta de capacidade técnica e gerencial para fazer frente ao grande número de investimentos simultâneos. A ineficiência do governo federal atrasa a consulta pública do Plano Nacional de Saneamento, que deverá definir as metas a serem alcançadas até 2030. Na falta dessa peça de planejamento, o setor privado se acanha: não investe nem forma parcerias com o setor público para avançar em projetos e obras.
Planejamento é fator-chave para oferecer saneamento básico adequado a mais da metade dos lares brasileiros, segundo Ana Lucia Britto, professora do Departamento de Urbanismo e Meio Ambiente e vice-coordenadora do programa de Pós-Graduação em Urbanismo da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). A lei determina que cabe aos municípios prover o saneamento, mas muitas vezes o problema extrapola os limites das cidades. “É preciso realizar planejamentos integrados, como os de atuação coordenada em grandes áreas metropolitanas”, diz Ana Lúcia, destacando a experiência da região metropolitana de Belo Horizonte, que envolveu prefeituras e órgãos públicos para integrar os projetos ligados ao saneamento básico numa proposta de desenvolvimento regional que contempla gestão, proteção e recuperação dos recursos hídricos, universalização do saneamento básico, gestão dos resíduos sólidos, recuperação de áreas de interesse para a conservação, e a intensificação do uso do espaço urbano.
Na opinião de Ana Lucia, o exemplo deve ser observado por outras regiões metropolitanas e cidades de maior porte, aproveitando também que todos os municípios brasileiros devem apresentar planos de saneamento até o início de 2014, caso contrário vão perder o acesso a verbas federais. No caso de municípios menores, a pesquisadora sugere a formação de consórcios de cidades da mesma bacia hidrográfica – ou seja, banhadas pelo mesmo rio e seus afluentes –, uma vez que a maioria dos municípios brasileiros, com menos de 50 mil habitantes, não tem capacidade técnica para elaborar esses planos. De fato, até agora apenas 5% das cidades apresentaram os planos de gestão que são a condição, segundo a Lei 11.445, para a contratação das obras e a concessão dos serviços a empresas privadas. Parte da solução está no PAC 2, que destinou recursos para que as prefeituras possam contratar serviços técnicos ou capacitar servidores para elaborar os planos de saneamento.
Economia de primeiro mundo; saneamento
O Brasil ocupa a sexta posição no ranking das maiores economias do mundo. Mas, no que se refere a saneamento, despenca para a 67ª posição, segundo a Organização das Nações Unidas. O estudo Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Brasileiro, elaborado pelo Instituto Trata Brasil (ITB) e Fundação Getulio Vargas (FGV), ilustra mais um contraste do país que cresce sem aparar desigualdades. Do melhor desempenho, de Jundiaí (SP), com 92% de esgoto tratado, ao último lugar, com apenas 2%, da capital de Rondônia, Porto Velho, parece haver uma fossa séptica que exala mau cheiro pelo ralo que descuida do interesse público humanitário.
O saneamento em Jundiaí começou nos anos 70 do século passado, quando áreas de mananciais e de proteção ambiental (Serra do Japi) se tornaram objeto de uma política pública rigorosa: definiu-se então que os rios não poderiam mais receber os esgotos. O cumprimento da regra por seguidas administrações garantiu a coleta e o tratamento de 100% do esgoto de toda a área urbana de Jundiaí antes mesmo da virada do milênio. Foi com aporte de recursos que se materializou a colaboração das indústrias com a prefeitura para garantir a eliminação das fossas e a implantação do emissário. “As empresas participantes receberam um crédito de dez anos que foi sendo amortizado do valor que pagariam pela coleta de esgoto”, lembra Wilson Roberto Engholm, presidente da DAE (Departamento de Águas e Esgotos), a companhia municipal de água e esgoto da cidade, que hoje tem 370 mil habitantes. “Hoje oferecemos condições que poucos municípios são capazes de oferecer”, gaba-se Engholm, ao argumentar que a estrutura de saneamento constitui um diferencial competitivo para atração de novos investimentos.
O exemplo de gestão compartilhada não chamou a atenção das autoridades que nessas quatro décadas administraram Guarulhos – uma potência econômica na Região Metropolitana de São Paulo, sede do maior complexo aeroportuário da América do Sul, também cortada pela Via Dutra, a mais importante ligação rodoviária do país. Até muito recentemente, como mostra o estudo do ITB, a cidade despejava todo o esgoto em rios – principalmente no tristemente famoso Tietê –, sem nenhum tratamento. “A cidade era identificada como responsável pela poluição do rio”, lamenta o superintendente do SAEE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) de Guarulhos, Afrânio de Paula Sobrinho, que garante haver agora “uma mudança de cultura, investimentos significativos e a compreensão de que não estamos numa região de abundância de água”. Com “obras a todo vapor”, ele anuncia o resultado: nos últimos dois anos entraram em operação 2 ETEs (Estação de Tratamento de Esgotos), e outra deve ser inaugurada este mês, elevando o índice de tratamento para 35%, na segunda mais populosa cidade paulista, com mais de 1,2 milhão de habitantes. Falta pouco para chegar à metade da média nacional, de 72% do esgoto coletados em 81 municípios com mais de 300 mil habitantes que o ITB estudou.
Em muitos casos, a capilarização do serviço de coleta é um gargalo que precisa de uma carga de bom senso para dar a comunidades de baixa renda o acesso a esse direito humano. Atender à demanda social é o princípio que orienta ações como o programa Se Liga na Rede, que vai custear, no Estado de São Paulo, as conexões à rede coletora de 192 mil imóveis de famílias com renda de até três salários mínimos. Essa ligação, de R$ 1.866, vai ser dividido entre a Sabesp (20%), a Companhia do Saneamento Básico do Estado de São Paulo, e o governo estadual (80%), que já havia investido R$ 8 mil por unidade para instalar a rede que dá destino correto ao esgoto. “Melhor investir cerca de R$ 10 mil com resultados que gastar R$ 8 mil sem alcançar nenhum objetivo”, comemora o secretário de Saneamento do Estado, Edson Giriboni.
O sinal negativo da despesa com subsídio pode ser contabilizado positivamente em razão do gasto menor com a recuperação da saúde. Caiu 90% o número de internações por diarreia e vômito registradas entre os 75 alunos da escola Rural Erminio Cardoso, em Tijucas do Sul (PR). São integrantes das 170 famílias beneficiadas pela reestruturação do sistema de tratamento e abastecimento de água na comunidade Campestre, resultado da parceria entre a Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná), a prefeitura e os moradores. O presidente da estatal, Fernando Ghignone, aplaude o modelo, que “garante qualidade de vida, saúde, cidadania às pessoas e ainda a preservação do meio ambiente”.
Saneamento básico melhora o desempenho escolar. Estudo do Centro de Políticas Sociais da FGV, contratado em 2008 pelo ITB, constatou que crianças com acesso a saneamento básico têm aproveitamento escolar 30% maior do que as desprovidas desse direito humano. São nefastos os reflexos na vida desses jovens, praticamente condenados a menor qualificação e, portanto, menores salário e renda no futuro.
Alto custo para a economia
Empresas também pagam a conta do atraso em matéria de saneamento. O estudo do ITB verificou que, em 2009, as empresas gastaram R$ 547 milhões em remuneração por horas não trabalhadas de funcionários afastados com infecções gastrointestinais. Além de evitar esse custo sem retorno, o acesso a saneamento básico proporciona melhoria geral da qualidade de vida e aumento de 13% na produtividade do trabalhador. Com isso, nos cálculos da FGV, a massa salarial dos brasileiros poderia crescer 3,8%.
Falta de saneamento se destaca entre os problemas que impedem um crescimento maior da indústria do turismo. É uma das carências estruturais que o Ministério do Turismo identificou nos 65 principais endereços turísticos brasileiros (incluindo as capitais, Fernando de Noronha e Porto Seguro). Por isto, também está destinando recursos para os programas de saneamento do Ministério das Cidades. “Saneamento básico se traduz em saúde pública e também na qualidade do atendimento das pessoas e para as pessoas, por isso consideramos fundamental sanar esses problemas”, afirma Fabio Rios Mota, secretário nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo.
Superar o bisonho chavão de que “obra enterrada não dá voto” é uma conquista que pode render numerosos frutos no caminho do desenvolvimento sustentável. Com tantas implicações sociais, econômicas e ambientais, a universalização do saneamento básico é provavelmente a obra mais abrangente e segura para promover a sustentabilidade tendo a melhoria da qualidade de vida como marco de uma nova etapa da civilização.
http://www.cartacapital.com.br/carta-verde/tratamento-de-esgotos-e-a-cura-para-todos-os-males/
09 abr 2012 Deixe um comentário
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09 abr 2012 Deixe um comentário
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09 abr 2012 Deixe um comentário
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O Brasil pode estar desperdiçando uma oportunidade única de fortalecer o chamado “soft power” no cenário internacional, com impacto positivo na sua economia, aproveitando o corrente interesse por sua produção cultural.
Essa é a opinião de especialistas ouvidos pela BBC Brasil, que dizem que esse interesse tem aumentado nos últimos anos, em parte pela projeção do país como nova potência econômica, mas também turbinado por ações isoladas de setores ligados ao governo e de grupos privados.
Enquanto o governo instala bibliotecas de fronteira e incentiva o lançamento de escritores brasileiros em outras línguas, agentes privados levam ao exterior eventos antes só disponíveis no Brasil, caso do festival Back2Black, uma das mais de dez grandes atrações brasileiras a desembarcar em Londres até os Jogos Olímpicos.
Mas especialistas alertam: se estas iniciativas não forem coordenadas e representarem uma estratégia deliberada, os benefícios que a crescente economia brasileira teria por meio da exportação e poder de sedução de seus valores – o chamado soft power – podem ser limitados.
“Soft Power” é um conceito elaborado pelo professor americano Joseph Nye para definir a capacidade de países influenciarem relações internacionais e intensificarem trocas comerciais através da sedução de produtos como filmes, música, moda, mídia e turismo. A economia dos Estados Unidos, por exemplo, se beneficia da ampla exposição de seus produtos por meio dos filmes de Hollywood.
O termo se contrapõe ao chamado “hard power”, que define ações militares e bloqueios comerciais, por exemplo.
“O Brasil exerce naturalmente o soft power”, diz Nye em entrevista à BBC Brasil. “Se você observar a cultura brasileira e seu impacto, verá que a imagem do país é originalmente positiva, mesmo antes do avanço econômico recente. Pode ser que isso tenha a ver com o futebol, mas o fato é que há uma percepção de que o Brasil lidou bem com questões caras a outros países, como a racial. Ou seja, é portador de valores como tolerância. E isso é importante”, resume.
Nye e outros especialistas alertam para o fato de que, para funcionar, o soft power requer capacidade de articulação entre agentes públicos e privados, o que muitas vezes pode exigir a criação e uma entidade específica.
“Não é essencial, mas ajudaria muito. O British Council (órgão de promoção da cultura britânica no exterior), por exemplo, é muito bem sucedido e prova que não é preciso gastar muito, mas apenas coordenar ações, para se obter grande impacto”, exemplifica Nye, antes de lembrar que os setores cultural, de mídia e de entretenimento tendem a ser os primeiros a se beneficiar. “Mas isso depois se espalha por toda a economia.”
Além da Grã Bretanha, países como França, com a Aliança Francesa, Alemanha, com o Instituto Goethe, e a emergente China, com o Instituto Confúcio, optaram por este tipo de organização.
Jude Kelly diz que ‘há mais artistas (brasileiros) do que nunca’ na Grã-Bretanha
“É preciso notar, porém, uma diferença histórica. Os poderes coloniais montaram estas instituições quando estavam em declínio e precisavam aumentar trocas comerciais. O caso do Brasil é diferente, porque o país está em ascensão”, pondera o professor de História Econômica da América Latina Colin Lews, da London School of Economics.
“Como o país está mais afluente e confiante, há uma pressão natural por institucionalizar a ação de soft power. E, de fato, é preciso haver um espaço institucional. O Itamaraty sempre teve uma postura independente – até mesmo dos governos, civis ou militares – e sabia onde queria ver o país. Mas agora a ação brasileira se tornou mais extracontinental”, diz o Colin.
O crescimento da procura por produtos brasileiros no mercado internacional de arte e entretenimento é claro. “Há mais artistas vindo do que nunca. Neste ano, há eventos com brasileiros em todos os grandes centros culturais britânicos”, sublinha Jude Kelly, diretora artística do gigante Southbank Centre, à beira do rio Tâmisa, em Londres.
Com nove viagens ao Brasil carimbadas no passaporte, Kelly promoveu há dois anos um festival de um mês integralmente dedicado a mostrar “como a cultura brasileira está sendo usada para transformar comunidades”. Neste ano, o Southbank sedia o espetáculo “Hotel Medea”, que Kelly assistiu no Festival Internacional de Edimburgo do ano passado, e a instalação “aMAZEme”.
Envolvido há quase duas décadas com produções teatrais no Brasil e na Grã-Bretanha, o produtor inglês Paul Heritage diz que, no passado, levava mais ingleses ao Brasil do que o contrário. Hoje, diz, há interesse e movimentação semelhante – e crescente – nos dois lados.
“O Brasil tem que aproveitar este momento. O país tem usado com sucesso uma tecnologia social das artes muito particular. O Ministério da Cultura investiu muito nas redes e criou um mercado alternativo ao capitalismo que vem ajudando as comunidades. E esta tecnologia, única, pode ser exportada. A Inglaterra, por exemplo, não tem”, diz Heritage. “Esta tecnologia social das artes é a nova Bossa Nova”, compara o produtor, responsável pela vinda de grupos como o Afro Reggae, Galpão e Nós do Morro à Grã-Bretanha.
Para Heritage, a área cultural do Itamaraty não está afinada com o crescimento da demanda por produtos artísticos do país. “É preciso mais coordenação, porque em um mundo de poucos recursos, é necessário haver mais diálogo. Está na hora de criar um novo órgão. O British Council, por exemplo, une forças”, exemplifica Heritage.
Organizadora do festival Back2Black, que há duas edições vem estabelecendo a ponte entre a música brasileira e seus semelhantes na África e nos Estados Unidos, Connie Lopes concorda com o colega britânico.
“É a hora de o Brasil ter seu instituto cultural permanente para representar interesses e divulgar valores que são comungados por artistas, produtores e empresas que apoiam estes eventos. Nós, de forma geral, nos articulamos, mas seria bom uma ação coordenada”, pontua ela, à frente do segundo festival brasileiro a chegar ao exterior – o primeiro foi o Rock in Rio, com versões em Portugal e na Espanha. “A partir da gestão do Gilberto Gil no Ministério da Cultura, o setor se profissionalizou muito e requer nos níveis de organização”, defende.
O Itamaraty não nega que a conjuntura mudou. “Há espaço para interação (entre agentes econômicos e poder público) mais lógica, sim. Não há uma unidade”, reconhece o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Tovar Nunes da Silva. “Mas não necessariamente haverá um novo organismo, especificamente destinado a cuidar das ações de soft power”, adianta.
Nunes da Silva afirma que o Brasil é o único país emergente que “só tem soft power”. “Optamos conscientemente pela não militarização. Basta ver que somos um dos poucos países do mundo em que o herói nacional é um diplomata (Barão do Rio Branco) e não um general. Não temos escolha, nossa história é de soft power”.
O porta-voz cita organismos como os Centros de Estudos Brasileiros e a Agência Brasileira de Cooperação como exemplos de institucionalização do soft power. No entanto, defende diversidade na condução das ações públicas e privadas. “Somos um país ‘ocidental plus’. Ocidental não é suficiente para classificar o Brasil. Os modelos dos países desenvolvidos talvez não satisfaçam esta alma meio solta, que é parte do que somos. Há um processo de sofisticação que talvez demande que este país seja representado de mais de uma forma. Não há um kit Brasil”, diz.
“Optamos conscientemente pela não militarização. Basta ver que somos um dos poucos países do mundo em que o herói nacional é um diplomata e não um general. Não temos escolha, nossa história é de soft power”. Tovar Nunes da Silva, porta-voz do Itamaraty.
Em meio ao crescimento constante da procura por produtos (muitos dos quais culturais) brasileiros na Grã-Bretanha, o embaixador Roberto Jaguaribe concorda com Nunes da Silva. O diplomata diz que a imagem brasileira está mudando “do alegórico, festivo, para o da potência econômica, ambiental, democrática e capaz de incluir socialmente”. “No entanto, pessoalmente acho que uma organização específica não é a melhor forma de articular esforços. Buscar homogeneidade em tudo limita um universo mais amplo de representação”, reforça.
“Sem uma instituição, de fato há mais diversidade”, concorda o professor Colin Lewis, da London Schoool of Economics. “Mas corre-se o risco de se perder o foco.”
Além da Grã-Bretanha, onde, segundo Jaguaribe, há crescimento do interesse pela produção brasileira nos últimos 20 anos, as artes brasileiras são destaque na Alemanha, na Colômbia e em Nova York, onde o Sesc acaba de assinar um acordo com o selo Nublu e o festival Globalfest para garantir destaque permanente a artistas brasileiros no evento, que acontece todo mês de janeiro. Acordos também estão sendo fechados no Leste Europeu e na Ásia, sempre com ação pública e privada.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/04/040423_brazilian_softpower01_rp.shtml